segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

APÓS 1 ANO DE RESTAURAÇÃO, MUSEU IMPERIAL APRESENTA BERLINDA DE D.PEDRO II


Após um ano de trabalho intenso, a equipe do Museu Imperial concluiu a restauração da Berlinda de Aparato de d. Pedro II, veículo que o imperador utilizava em ocasiões solenes. A peça será apresentada ao público no próximo sábado, dia 15 de dezembro, em uma cerimônia às 12h30, com entrada franca.

A restauração, que contou com patrocínio da empresa petropolitana GE Celma, a partir da Lei de Incentivo à Cultura, foi realizada às vistas do público na Galeria de Restauro, sala anexa ao Pavilhão das Viaturas criada para permitir que os interessados pudessem acompanhar o trabalho dos técnicos. A partir de agora, o espaço receberá outras peças para serem restauradas publicamente.

“O trabalho de conservação e restauração da berlinda do imperador d. Pedro II foi elaborado a partir de um projeto de pesquisa minucioso e detalhado, sobre a história da berlinda, bem como o contexto histórico, social, político e cultural em que ela se insere. Foram realizadas ainda pesquisas dos materiais e das técnicas que fizeram parte da manufatura do objeto, integrando campos disciplinares distintos, tais como: biólogos, conservadores, engenheiros, historiadores e historiadores da arte, restauradores e ainda profissionais artesãos especialistas em metais e bordados da comunidade petropolitana, cujo trabalho constitui uma raridade nos dias atuais”, afirmou Eliane Zanatta, responsável pelo Laboratório de Conservação e Restauração do Museu e coordenadora do projeto.

Foi a primeira vez que a berlinda passou por uma intervenção tão complexa. Além da equipe do Laboratório de Conservação e Restauração do Museu Imperial, também trabalharam no restauro pessoas da comunidade petropolitana, capacitadas pelo Museu. Participaram ainda consultores externos, a partir de convênios com universidades e instituições de pesquisa.

Ainda segundo Eliane, a complexidade do trabalho se dá, em especial, pelo caráter único e histórico da peça. “Todas as intervenções foram fundamentadas em análises laboratoriais, testes químicos, físicos e biológicos, com objetivo de obter uma maior compreensão e respeito pelos objetos, requisito essencial quando se trata de bens culturais, que leva a posturas verdadeiramente conservativas. Intervir num bem de interesse cultural, que é documento histórico e possui papel memorial, é ato de extrema responsabilidade, pois se trata, sempre, de documentos únicos e não reproduzíveis”, disse.

Além de preservar esse patrimônio brasileiro, o projeto permitiu também um estudo aprofundado sobre a peça. Foram descobertas, por exemplo, marcas de artesãos que atuaram em sua manufatura, como ferreiros, marceneiros e bordadeiros, e até a própria data provável da finalização dos trabalhos do arcabouço – até então, acreditava-se ser 1837, mas uma gravação na parte interna permitiu corrigir a informação para 1835.

A cerimônia acontecerá na Sala da Batalha de Campo Grande, no Museu Imperial. O endereço é Rua da Imperatriz, 220, Centro, Petrópolis.

A Berlinda


A berlinda de aparato foi construída pela firma britânica Pearce & Countz, fornecedora da Casa Real Inglesa, especialmente para a cerimônia de sagração e coroação de d. Pedro II, ocorrida no dia 18 de julho de 1841. Era utilizada pelo imperador em ocasiões solenes, como os casamentos de suas duas filhas, a abertura e o fechamento da Assembleia Geral.

A carruagem foi confeccionada em madeira e ferro e tem em seus elementos decorativos prata, madeira entalhada com folha de ouro e pintura que remete a cana de açúcar, couro, janelas em cristal, bordados e galões em fios dourados, estofamentos e revestimentos em veludo de algodão, etc. Puxada a oito cavalos, era conhecida pela população como “Monte de prata”, devido ao material predominante, ou “Carro cor de cana”, em razão de sua coloração.



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