sexta-feira, 14 de agosto de 2009



Serrana Center organiza mais um importante evento da FBN


Dizer adeus a um Euclides partido, fragmentado. Assim o curador Marco Lucchesi define a idéia principal da exposição “Euclides da Cunha: Uma Poética do Espaço Brasileiro”, inaugurada ontem no Espaço Cultural Eliseu Visconti, na Fundação Biblioteca Nacional. A exposição, que faz uma homenagem aos 100 anos de morte do escritor, estará aberta a visitação entre os meses de agosto e outubro.

A abertura da cerimônia foi feita pelo Presidente da FBN, Muniz Sodré, que disse que celebrar a obra de Euclides é celebrar a duração histórica de uma verdade que se confirma no cenário brasileiro: a da mestiçagem cultural. “O Brasil é um país singular, com grande heterogeneidade cultural e intelectual que atravessa diversos níveis. Esta exposição traz o romance como exercício literário e desenvolvedor do pensamento”, explicou.

O processo de pesquisa sobre Euclides da Cunha foi aproximadamente de um ano, esclareceu o poeta, ensaísta e tradutor Marco Lucchesi, responsável pela curadoria da exposição. “O acervo encontrado na FBN não é pequeno, tem particularidades próprias, tentamos fazer uma pesquisa que respondesse por um Euclides muito conhecido, mas ao mesmo tempo tirá-lo de certas formalidades”, afirmou.

A mostra, garante Lucchesi, tem como ponto forte o vínculo com o contemporâneo, ou seja, dar interesse aos Sertões, mas privilegiar o Euclides de um tempo de ecologia, amazônico, que trata dos seringueiros. “Há também outra ideia que é o fato dele ter captado as muitas vozes que habitam o país, então dada a possibilidade de expressão dessas vozes, o público vai encontrar aqui um Brasil de muitas partes, pensado de forma maiúscula, onde as vozes excluídas se apresentam agora fortes e sobretudo com grande compaixão”, comentou o curador.

Lucchesi também foi curador da exposição“Machado de Assis – Cem anos de uma cartografia inacabada”, em 2008. Comparando-se os acervos, ele diz que “Machado é um oceano e Euclides é um mar”. Na ocasião foi publicada a Machadiana da Biblioteca Nacional, volume ilustrado de mais de 200 páginas mostrando o que se encontrou nas visitas às seções da FBN.

O público poderá apreciar cerca de 130 peças do acervo da FBN, do Museu da República e do Instituto Histórico e Geográfico. O Espaço Eliseu Visconti fica na Rua M éxico, s/nº, Centro do Rio de Janeiro. De segunda a sexta, das 10h às 17h; sábados, das 10h às 15h. A entrada é franca. A realização da exposição é da Serrana Center Promoções e Eventos e a produção é da Tecnopop.

Sobre Euclides da Cunha

Listado entre os mais importantes escritores da literatura brasileira, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, RJ, em 20 de janeiro de 1866, e faleceu no Rio de Janeiro em 15 de agosto de1909. Foi escritor, poeta, sociólogo, jornalista,historiador, professor e engenheiro brasileiro. Eleito em 21 de setembro de 1903 para a Cadeira nº 7, na sucessão de Valentim Magalhães, foi recebido em 18 de dezembro de 1906, pelo acadêmico Sílvio Romero.
Em 1897, viajou para Canudos, no sertão da Bahia, como correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo”. Foi designado para cobrir a Guerra de Canudos, quando o Exército Brasileiro enfrentou e derrotou a resistência popular liderada por Antônio Conselheiro. As reportagens que escreveu para o jornal transformaram-se no livro “Os Sertões”, ícone da literatura brasileira.
“Euclides certamente é um dos grandes nomes da literatura brasileira, sua principal característica é essa poética no espaço brasileiro, no sentido de não traduzir esse espaço, mas inventar esse espaço, interpretando-o e trazendo-o vivo para a brasilidade”, falou Lucchesi sobre o autor.

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