Nesta terça-feira, 05 de novembro, Dia Nacional da Cultura, o Museu Imperial/Ibram possui ainda outro motivo para comemorar. Nesta data, o Museu recebeu, junto com outras oito instituições brasileiras, o Registro Regional do Programa Memória do Mundo - América Latina e Caribe (MOW-LAC), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O prêmio foi concedido ao conjunto documental “A Guerra da Tríplice Aliança: representaçõesiconográficas e cartográficas”.
O conjunto, que reúne uma vasta documentação sobre o conflito conhecido como Guerra do Paraguai, possui 402 documentos iconográficos e cartográficos do Museu Imperial, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Arquivo Histórico eMapoteca Histórica do Itamaraty, Museu Histórico Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro (IHGB), Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha e Arquivo Histórico doExército. E os acervos ora reconhecidos pela Unesco foram produzidos pela Secretaria de Estado e Negócios da Guerra do Brasil, por técnicos, artistas e fotógrafos que participaram do evento.
O Museu Imperial possui 51 documentos no conjunto – fotografias, mapas, plantas e uma gravura – pertencentes ao fundo Arquivo da Casa Imperial do Brasil, doado à instituição pelo príncipe d. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, bisneto do imperador d. Pedro II, chefe do Estado brasileiro durante o conflito. A instituição foi a escolhida para representar, junto à Unesco, a rede de oito entidades públicas e uma privada que se submeteram à candidatura.
“A nominação da Unesco premia um esforço coletivo de 9 instituições detentoras de documentação relativa à Guerra do Paraguai, que, juntas, qualificam seu trabalho de preservação, pesquisa e comunicação do patrimônio representativo da memória latino-americana”, afirma Maurício Vicente Ferreira Jr., diretor do Museu Imperial.
Por isso, a acesso a essa documentação é livre e há instrumentos de pesquisa disponíveis em cada uma das instituiçõesproponentes, tais como inventários, catálogos, fichários, bases de dados e sistemas online. A maior parte do acervoproposto para o registro está digitalizada ou em fase de digitalização.
No Museu Imperial, os pesquisadores podem ter acesso aos documentos no Arquivo Histórico. As consultas devem ser agendadas com, no mínimo, dois dias de antecedência pelo e-mail mimp.arq.historico@museus.gov.br ou pelos telefones (24) 2233-0327 e 2233-0315.
A Guerra da Tríplice Aliança
A Guerra da Tríplice Aliança, conhecida como Guerra do Paraguai, deixou marcas permanentes na história da América Meridional. Um dos conflitos armados mais violentos do século XIX e um dos mais longos das Américas, redefiniu as fronteiras nacionais do entorno do Rio da Prata, bem como marcou os processos históricos dos países envolvidos: Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai.
Os efeitos da guerra provocam reflexos ainda hoje, haja vista a diversidade de interpretações históricas, ora definidas por forte orientação nacionalista, ora decorrentes de revisionismos das historiografias nacionais sensíveis às mudanças das conjunturas políticas de cada país.
Mas, para além dos registros da violência, emergem documentos visuais que descortinam territórios, visões múltiplas do espaço geográfico; descrevem as casas, os acampamentos, as fortificações, os equipamentos, as obras dos homens; e retratam tipos humanos não contemplados pela arte acadêmica, como os negros escravos que, tornados soldados, guerrearam por sua própria liberdade. Em suma, as representações iconográficas e cartográficas apresentadas no conjunto mostram a trajetória de homens comuns que construíram a sua própria história.
Programa Memória do Mundo
O Programa Memória do Mundo foi criado pela Unesco, em 1992, devido à consciência crescente do lamentável estado de conservação do patrimônio documental e do deficiente acesso em diferentes partes do mundo. O objetivo é dar maior visibilidade a esses documentos e despertar a consciência coletiva sobre a importância de sua preservação.
O programa é composto por três registros – nacional, regional e internacional –, concedidos de acordo com a abrangência da importância da documentação. Todos os registros são equivalentes, para documentos, ao título de Patrimônio, que é concedido pela Unesco a monumentos arquitetônicos.
O Museu Imperial foi agraciado com o Registro Nacional em 2010, concedido ao “Conjunto documental relativo às viagens do imperador d. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo”, e em 2012, com a “Coleção Carlos Gomes”. Em 2013, o mesmo conjunto documental sobre as viagens de d. Pedro II recebeu o Registro Internacional, sendo considerado Patrimônio da Humanidade. E, também este ano, o Museu concorre novamente ao Registro Nacional com a Coleção Sanson, composta por fotografias estereoscópicas de vidro do início do século XX, do fotógrafo amador Octávio Mendes de Oliveira Castro.
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