quinta-feira, 30 de julho de 2009

LENINE NO QUITANDINHA

Novo CD Labiata traz onze canções inéditas, parcerias com Arnaldo Antunes, Paulo César Pinheiro, Chico Science, Lula Queiroga, entre outros

Apaixonado confesso pelas orquídeas, Lenine escolheu uma de suas mais famosas espécies para batizar seu novo trabalho, Labiata, lançado em setembro de 2008. Prova de que não apenas os opostos se atraem, essa espécie se adapta bem a qualquer região. Possui uma ampla variedade de matizes de cores e vive tanto no nível do mar como a dois mil metros de altitude. Tal qual a obra de Lenine, regional, pop, rock, samba, eletrônica, pessoal e universal. Lenine é muitos e um só. Muda para se manter o mesmo. De “Baque Solto”, de 1983, a esse novo trabalho, a trajetória é repleta de interseções que podem apontar para novos caminhos ou simplesmente para formas diversas de se chegar ao mesmo ponto. Labiata, que traz onze canções inéditas, marca a estréia deLenine na Universal Music e será apresentado nesta sexta, 31 de julho, no Teatro Quitandinha, às 21 horas.

Labiata já nasceu diferente dos trabalhos anteriores de Lenine. Ele entrou no estúdio sem nenhuma das músicas pronta, elas foram criadas durante o processo de gravação. “Geralmente, quando você começa a fazer um disco, já tem um pedaço dele pronto. Nesse, por uma conjugação de falta de tempo e por querer testar esse frescor de compor e gravar,fui fazendo assim: criava a música de noite e no outro dia ia para o estúdio”, explica.

O CD é o primeiro trabalho de estúdio de Lenine após seis anos – o último foi “Falange Canibal”, de 2002. Com produção de JR Tostoi e de Lenine, Labiata coloca o artista ao lado de seus parceiros de palco nos últimos anos, como o próprio Tostoi, Pantico Rocha e Guila. “Esse trabalho tem uma grande diferença. Em todos os meus discos de estúdio eu tratava cada canção como um projeto independente, fechado em si. Eu fazia com pessoas diferentes. Nesse não. Eu aproveitei a experiência desse grupo de músicos que estão comigo há tantos anos e fizemos todo o disco juntos. O somatório dessas pessoas criou um outro ser, que é muito maior do que cada um individualmente e que já tem uma cara”, complementa.

Lenine afirma que o disco, mesmo sendo de estúdio, tem a pulsação de um trabalho ao vivo. “O Labiata tem essa peculiaridade, soa como se tivesse sido gravado ao vivo, por conta da banda tocando junta, ali, na hora, sem muitos overdubs (gravações adicionais).” Ele acredita que essa cumplicidade transpareça no resultado final. “Tem uma sintonia muito grande, é um som realmente de banda. É meio que uma simbiose, cada um vai pegando um pouco do outro. A gente praticamente não se fala mais, basta olhar que um já entende o que o outro quer. O Labiata é muito íntimo nesse sentido.”

A maioria do disco foi gravada no estúdio do JR Tostoi, que além de produzir, fez guitarras, programações e edições. “Este trabalho tem aquela coisa do ‘quintal de casa’’’, brinca Lenine. “Primeiro gravava uma versão da canção com o JR Tostoi, só de violão e voz, com no máximo um beat. Descobria o ritmo da música e já esquecia, ia para casa e fazia outra. No dia seguinte, gravava novamente. Depois de uns 15 dias, a gente parou para ouvir e começamos a pré-produzir”, acrescenta.

Os parceiros habituais de Lenine estão presentes em Labiata: Bráulio Tavares, Lula Queiroga, Dudu Falcão, Ivan Santos, Paulo César Pinheiro, Carlos Rennó e Arnaldo Antunes. Mas o disco registra também sua primeira parceria com Chico Science, Samba e Leveza. “Essa tem uma história muito peculiar. Eu conheci o Chico, mas nunca fui muito íntimo dele, embora tenha uma admiração profunda pelo trabalho dele e da Nação Zumbi. A irmã dele, Goretti, foi à minha casa, me mostrou esses fragmentos e me pediu que esse texto virasse canção.”

O disco é 100% autoral. Com Arnaldo Antunes, Lenine assina duas parcerias. “O Arnaldo é um parceiro mais bissexto, fizemos poucas músicas juntos. Nesse caso, ficaram duas no disco, O Céu É Muito eExcesso Exceto. Eu tenho um carinho enorme pelo Arnaldo, é uma das grandes cabeças desse país”, exalta Lenine. Excesso Exceto conta com a participação especial de China, ex-vocalista do Sheik Tosado e vocalista da banda Del Rey.

Lá Vem a Cidade é mais uma da safra com Bráulio Tavares, que já produziu pérolas como “Miragem do Porto” e “O Dia em que Faremos Contato”, entre outras. “Ele é o cara, um dos grandes mentores da minha geração. O texto dessa canção tem a ver com a preocupação que temos com o degelo que está acontecendo muito rápido.”

Magra é uma composição de Lenine com Ivan Santos. “Ele é mais do que parceiro, é um grande poeta, que está há quase 20 anos longe do Brasil. Essa canção é bem enxuta. Na hora que a gente estava gravando uma demo, eu vestia uma calça de frio um pouco mais grossa e fiz toda a base rítmica passando as unhas na calça, que era o som magrinho que a gente queria. Adoro essa ‘ruidagem’, de pequenos sons, que você usa como ferramenta e como elemento sonoro dentro da música. Todos os meus discos têm isso.”

Com Paulo César Pinheiro, Lenine compôs Ciranda Praieira. “Essa letra parece que foi feita há 200 anos. Ela tem uma coisa que já parece um clássico.” A faixa conta com a participação especial do músico galego Carlos Núñez e do Quinteto da Paraíba. Outro parceiro constante, Dudu Falcão, comparece com É o que Me Interessa, presente na trilha da novela ”A Favorita”, da Rede Globo.
Pedro Luis e A Parede (PLAP) participam de duas faixas de Labiata: A Mancha (Lenine /Lula Queiroga) e É Fogo (Lenine /Carlos Rennó). “Paralelamente a esse disco, eu estava produzindo o novo CD da PLAP.Quis tê-los, porque reafirmava todas essas confluências acontecendo a ponto de estarmos fazendo os dois discos juntos.”

O disco abre e fecha com duas composições solo de Lenine: Martelo Bigorna e Continuação, respectivamente. “A primeira é uma música meio autobiográfica, porque fala um pouco do desejo de você seguir o seu sonho a qualquer custo, a qualquer preço. E de poder fazer jus a essa caminhada. Poder chegar hoje e dizer: as escolhas foram acertadas!” Enquanto Martelo Bigorna faz uma espécie de revisão da trajetória,Continuação aponta para o que pode vir a seguir. Não à toa, é dividida com seus três filhos, João, Bruno e Bernardo. “Ela termina dizendo: ‘amor, a morte, a continuação’. Tem essa característica que a gente está falando o tempo todo, que é a intimidade. Eu quis documentar isso com os meus.”
www.lenine.com.br

Serviço
31/7 – 21h – Teatro Quitandinha
Lenine apresenta seu show Labiata
Censura: 12 anos
SESC Quitandinha, Av. Joaquim Rolla, 2 – Quitandinha
8ª edição do Festival de Inverno do Sesc Rio
Apoio: Sistema Fecomércio- RJ
Confira a programação completa em www.sescrio.org.br

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