Ex-presidente da Embraer movimenta ciclo de debates da UCP O ex-ministro dos Transportes e da Comunicação, Ozires Silva, fez uma palestra de motivação empreendedora a estudantes e convidados da UCP na última segunda-feira e arrancou aplausos ao defender a educação como fundamental para que o mundo e, em especial o Brasil, saiam mais rápido da crise.
Um dos maiores nomes da indústria aeronáutica brasileira, criador da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), em 1970, e seu presidente por 20 anos, Ozires evitou falar sobre as recentes demissões da empresa que ganharam as manchetes dos principais jornais do país, mas deixou claro que o projeto de desenvolvimento do Brasil deve levar em conta os jovens empreendedores que freqüentam os bancos escolares das universidades brasileiras. “A China já descobriu isso e como nova potência, investe em educação em todos os níveis”, comparou.
Ao relatar os processos inovadores colocados em prática para a criação do famoso avião Bandeirantes, em 1974, ele fez um paralelo entre a necessidade da existência da Embraer – concebida para fabricar aviões genuinamente brasileiros numa época em que os produtos nacionais tinham baixo valor agregado – e a urgência de novos talentos. “A Embraer foi uma vitória da educação”, resumiu, ao relacionar o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), instituído em 1950, como o celeiro formador até hoje da principal mão-de-obra especializada da Embraer.
Esta foi a primeira de uma série de palestras que serão abertas ao público pela UCP neste ano. “Vamos fazer ciclos de eventos mensais para trazer a experiência de vida de expoentes nacionais e internacionais a nossos alunos e à comunidade”, disse o reitor José Luiz Rangel Sampaio Fernandes. Ele adiantou o convite da UCP feito ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel 2007, Al Gore, já aceito pela sua assessoria. O encontro para as palestras de Al Gore deve acontecer no Rio e em São Paulo, no mês de outubro, com a organização da UCP e parceiros.
Aos 77 anos, voz pausada e memória intacta, o engenheiro Ozires Silva fala, em entrevista, da paixão por aviões desde a adolescência e de sua mente questionadora quanto à capacidade brasileira para entrar no ramo da fabricação de aeronaves. “O exemplo da Embraer mostra que é possível gerar sucessos, mesmo em um país como o Brasil”, revelou. Parte dessa história é contada nos livros A Decolagem de um Grande Sonho e Nas Asas da Educação: A Trajetória da Embraer, assinados por Ozires pela editora Elsevier. Outra parte foi resumida aqui.
UCP – Quando começou sua paixão por aviões?
Morava em Bauru e quando menino frequentava uma escola de aeromodelismo,de planador e de pilotagem. Era um grande centro aviatório na década de 30. Observei no local um suíço que fabricava planadores e vi o quanto estas invenções eram fantásticas. O contato estimulou a minha curiosidade e percebi que um único avião possuía várias invenções acopladas. Aí comecei mesmo a sonhar em construir aviões, já aos 16 anos. Deixava os professores malucos. Fiz concurso para a Força Aérea Brasileira, onde me tornei oficial, onde pude colocar em prática o verdadeiro processo de criação da Embraer. Tudo já estava na minha cabeça.
Morava em Bauru e quando menino frequentava uma escola de aeromodelismo,de planador e de pilotagem. Era um grande centro aviatório na década de 30. Observei no local um suíço que fabricava planadores e vi o quanto estas invenções eram fantásticas. O contato estimulou a minha curiosidade e percebi que um único avião possuía várias invenções acopladas. Aí comecei mesmo a sonhar em construir aviões, já aos 16 anos. Deixava os professores malucos. Fiz concurso para a Força Aérea Brasileira, onde me tornei oficial, onde pude colocar em prática o verdadeiro processo de criação da Embraer. Tudo já estava na minha cabeça.
UCP – Como foi, então, a criação da Empresa Brasileira de Aviação?
Foi a persistência e o acaso que me fizeram estar frente a frente com o presidente Costa e Silva. Ele teve que fazer um pouso forçado em Bauru. Era um domingo chuvoso que o impediu de pousar em Guaratinguetá, como planejado. Mas não havia nenhuma autoridade para recebê-lo a tempo. A Força Aérea me pediu então que o recepcionasse, pois já estava no campo de pouso. Assim o fiz e, mesmo sem nenhuma intimidade com o presidente, minha paixão por aviões falou mais alto e ele teve que ouvir a minha história. Costa e Silva foi embora rápido, mas já na escada de embarque do avião disse que me procuraria de novo. Não acreditei, mas o restante todos sabem. Confesso que fiquei assustado quando me falaram que eu seria o presidente da Embraer, cujo nome também é minha invenção, aprovada pelo executivo.
Foi a persistência e o acaso que me fizeram estar frente a frente com o presidente Costa e Silva. Ele teve que fazer um pouso forçado em Bauru. Era um domingo chuvoso que o impediu de pousar em Guaratinguetá, como planejado. Mas não havia nenhuma autoridade para recebê-lo a tempo. A Força Aérea me pediu então que o recepcionasse, pois já estava no campo de pouso. Assim o fiz e, mesmo sem nenhuma intimidade com o presidente, minha paixão por aviões falou mais alto e ele teve que ouvir a minha história. Costa e Silva foi embora rápido, mas já na escada de embarque do avião disse que me procuraria de novo. Não acreditei, mas o restante todos sabem. Confesso que fiquei assustado quando me falaram que eu seria o presidente da Embraer, cujo nome também é minha invenção, aprovada pelo executivo.
UCP – A privatização da Embraer foi um processo longo, de 1992 a 1994. Como o senhor resume esse período?
Foram exatamente 1.152 dias sofridos e necessários. Depois de ser presidente da empresa por 20 anos, fui para a Petrobrás onde também aceitei outros desafios como presidente da estatal. Em 92, fui novamente chamado para conduzir o processo de privatização da Embraer, um caminho importante para tirá-la da crise da década passada.
Foram exatamente 1.152 dias sofridos e necessários. Depois de ser presidente da empresa por 20 anos, fui para a Petrobrás onde também aceitei outros desafios como presidente da estatal. Em 92, fui novamente chamado para conduzir o processo de privatização da Embraer, um caminho importante para tirá-la da crise da década passada.
UCP – Sua trajetória profissional e política mostra persistência e motivação movidas por uma paixão. É assim que o senhor vê os empreendedores?
Este também é o objetivo desta palestra: motivar para empreender. O grande ensinamento da minha vida é a busca das potencialidades do ser humano, de seus talentos, e isso pode ser feito por meio da educação. Ela é um processo amplo, desenvolve qualidades, é abrangente. Sem ela, o progresso não acontece. Observe os exemplos de outros países. O chinês, por exemplo, está dedicado em ocupar espaço e investe na educação. Ele entendeu que o maior patrimônio é o conhecimento.
Este também é o objetivo desta palestra: motivar para empreender. O grande ensinamento da minha vida é a busca das potencialidades do ser humano, de seus talentos, e isso pode ser feito por meio da educação. Ela é um processo amplo, desenvolve qualidades, é abrangente. Sem ela, o progresso não acontece. Observe os exemplos de outros países. O chinês, por exemplo, está dedicado em ocupar espaço e investe na educação. Ele entendeu que o maior patrimônio é o conhecimento.
UCP – O senhor está em uma cidade escolhida por Santos Dumont e que abriga a líder GE-Celma, de reparo de turbinas de aviões..
Conheço Petrópolis e já vim muito aqui em visita à antiga Celma. Já em relação a Santos Dumont, ele infelizmente teve que sair do Brasil e criar seu avião em Paris. Eu bati o pé e afirmei que o avião poderia ser feito aqui mesmo no Brasil. Guardadas as devidas proporções de tempo e espaço, acredito hoje que a história da Embraer tem utilidade para mostrar que as coisas são possíveis, com determinação, vontade, foco e persistência.
Conheço Petrópolis e já vim muito aqui em visita à antiga Celma. Já em relação a Santos Dumont, ele infelizmente teve que sair do Brasil e criar seu avião em Paris. Eu bati o pé e afirmei que o avião poderia ser feito aqui mesmo no Brasil. Guardadas as devidas proporções de tempo e espaço, acredito hoje que a história da Embraer tem utilidade para mostrar que as coisas são possíveis, com determinação, vontade, foco e persistência.
UCP – Desde 2003 o senhor está envolvido em um novo ramo: a Pele Nova Biotecnologia, primeiro fruto da Academia Brasileira de Estudos Avançados. A empresa é focada em saúde humana. Mudou de ramo?
Não, sou engenheiro e a biotecnologia faz parte desse novo momento da engenharia. Estamos envolvidos agora na descoberta de uma proteína retirada do látex da seringueira.
Não, sou engenheiro e a biotecnologia faz parte desse novo momento da engenharia. Estamos envolvidos agora na descoberta de uma proteína retirada do látex da seringueira.
UCP – Qual a grande mensagem aos jovens estudantes?
O grande ensinamento é a busca das potencialidades, dos talentos. Ir ao encontro destas qualidades, com capacidade, perseverança e paixão pelo que faz.
O grande ensinamento é a busca das potencialidades, dos talentos. Ir ao encontro destas qualidades, com capacidade, perseverança e paixão pelo que faz.
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