Prof. Dr. Frei Antônio Moser
“Natal” é uma destas palavras mágicas que vêm quase sempre associadas à ternura, encantamento, alegria... Ainda mais quando contemplamos um presépio bem montando, com um menino de faces rosadinhas, cercado de anjinhos, de piedosos pastores e reis. A própria presença de animais domésticos transmite aquela sensação de que “noite feliz” é mais do que um canto: é a esperança de uma nova maneira de existir.
Acontece que apesar de todo este clima natalino o mundo continua sua trajetória. Ainda mais quando para um grande número de pessoas o natal não passa do plano psico-afetivo, sem chegar ao plano da fé. Daí os mesmos impulsos de violência para quem está ao volante, os mesmos rompantes de mau humor para quem não consegue trabalhar seus pensamentos negativos. Por isto, até mesmo neste período muitos choram pela dor causada pela morte indevida de entes queridos ou então por uma mágoa que se implantou no mais profundo do coração.
E tem mais um aspecto a ser considerado: é o aspecto sócio-político, visto sob o ângulo da agressividade que parece querer dominar todas as relações humanas. Os mesmos ódios acumulados nos corações também se acumulam ao nível das relações internacionais. Nações que se odeiam não conhecem nenhum tipo de cessar fogo. Até pelo contrário: o próprio fato de contemplar pela mídia cenas de ternura familiar e religiosa, talvez faça mal aos que são incapazes de conviver com as diferenças.
E agora vem a razão do título acima: “e o menino chorou”... Ninguém poderia imaginar que o recém-nascido tivesse logo de deixar o abrigo e ser levado às pressas para uma terra distante. É que Herodes não apenas odiava, mas procurava matar justamente aqueles que na sua fragilidade não se constituíram em nenhuma ameaça para sua arrogante prepotência. Assim o menino chorou não apenas pelos incômodos da fuga, mas sobretudo pelo massacre dos seus irmãozinhos que não tinham como fugir.
Infelizmente o menino não apenas chorou num tempo determinado, num contexto determinado: em vários episódios bíblicos encontramos referências às suas lágrimas, o que sugere que sua dor não se prende a fatos, mas brota da dureza dos corações daqueles que, ao se negarem a receber a luz, preferem prosseguir caminhando nas trevas; ao se negarem a abraçar o mandamento do amor, cultivam o ódio e a vingança.
A partir destas considerações estamos pretendendo abrir as portas para uma compreensão pouco usual do tempo do natal. É aquela que não vê o menino revestido de poderes mágicos para resolver os problemas humanos. Aquele mesmo menino que enfrentou as contradições da vida como criança, as enfrentou também como adulto no alto da cruz. Assim se compreende como os que foram atingidos pelas tragédias em Santa Catarina não deixaram de celebrar o Natal, optando por uma celebração mais profunda dos mistérios que cercam a vida daquele menino e depois daquele homem, e dos mistérios que cercam a vida de todos nós.
Certamente é difícil conjugar as luzes e os cantos de Belém, com as trevas e os gemidos de dor do Gólgota. É difícil, mas não impossível: o menino que teve que percorrer o penoso caminho para o Egito e depois outros percursos não menos dolorosos, nos revela o verdadeiro sentido do Natal: a alegria que brota do nosso coração é aquela traduzida pelos anjos aos pastores: “nasceu hoje o Messias Salvador”. Como também é a alegria traduzida pela luz da estrela que guiou os magos vindos do Oriente: para se alegrar e festejar a boa nova, tanto os pastores quanto os reis tiveram que fazer um caminho... Ou seja: tiveram que fazer a sua parte, ajoelhando-se diante do menino.
Além disto na condição humana muitas vezes devemos procurar “outro caminho” . Como muito bem expressa o livro do Deuteronômio no capítulo 30, existem dois caminhos: um que conduz à vida e outro que conduz à morte. Natal é o convite insistente de Deus para deixarmos os caminhos que levam à morte e abraçarmos aquele que leva à vida.
“Natal” é uma destas palavras mágicas que vêm quase sempre associadas à ternura, encantamento, alegria... Ainda mais quando contemplamos um presépio bem montando, com um menino de faces rosadinhas, cercado de anjinhos, de piedosos pastores e reis. A própria presença de animais domésticos transmite aquela sensação de que “noite feliz” é mais do que um canto: é a esperança de uma nova maneira de existir.
Acontece que apesar de todo este clima natalino o mundo continua sua trajetória. Ainda mais quando para um grande número de pessoas o natal não passa do plano psico-afetivo, sem chegar ao plano da fé. Daí os mesmos impulsos de violência para quem está ao volante, os mesmos rompantes de mau humor para quem não consegue trabalhar seus pensamentos negativos. Por isto, até mesmo neste período muitos choram pela dor causada pela morte indevida de entes queridos ou então por uma mágoa que se implantou no mais profundo do coração.
E tem mais um aspecto a ser considerado: é o aspecto sócio-político, visto sob o ângulo da agressividade que parece querer dominar todas as relações humanas. Os mesmos ódios acumulados nos corações também se acumulam ao nível das relações internacionais. Nações que se odeiam não conhecem nenhum tipo de cessar fogo. Até pelo contrário: o próprio fato de contemplar pela mídia cenas de ternura familiar e religiosa, talvez faça mal aos que são incapazes de conviver com as diferenças.
E agora vem a razão do título acima: “e o menino chorou”... Ninguém poderia imaginar que o recém-nascido tivesse logo de deixar o abrigo e ser levado às pressas para uma terra distante. É que Herodes não apenas odiava, mas procurava matar justamente aqueles que na sua fragilidade não se constituíram em nenhuma ameaça para sua arrogante prepotência. Assim o menino chorou não apenas pelos incômodos da fuga, mas sobretudo pelo massacre dos seus irmãozinhos que não tinham como fugir.
Infelizmente o menino não apenas chorou num tempo determinado, num contexto determinado: em vários episódios bíblicos encontramos referências às suas lágrimas, o que sugere que sua dor não se prende a fatos, mas brota da dureza dos corações daqueles que, ao se negarem a receber a luz, preferem prosseguir caminhando nas trevas; ao se negarem a abraçar o mandamento do amor, cultivam o ódio e a vingança.
A partir destas considerações estamos pretendendo abrir as portas para uma compreensão pouco usual do tempo do natal. É aquela que não vê o menino revestido de poderes mágicos para resolver os problemas humanos. Aquele mesmo menino que enfrentou as contradições da vida como criança, as enfrentou também como adulto no alto da cruz. Assim se compreende como os que foram atingidos pelas tragédias em Santa Catarina não deixaram de celebrar o Natal, optando por uma celebração mais profunda dos mistérios que cercam a vida daquele menino e depois daquele homem, e dos mistérios que cercam a vida de todos nós.
Certamente é difícil conjugar as luzes e os cantos de Belém, com as trevas e os gemidos de dor do Gólgota. É difícil, mas não impossível: o menino que teve que percorrer o penoso caminho para o Egito e depois outros percursos não menos dolorosos, nos revela o verdadeiro sentido do Natal: a alegria que brota do nosso coração é aquela traduzida pelos anjos aos pastores: “nasceu hoje o Messias Salvador”. Como também é a alegria traduzida pela luz da estrela que guiou os magos vindos do Oriente: para se alegrar e festejar a boa nova, tanto os pastores quanto os reis tiveram que fazer um caminho... Ou seja: tiveram que fazer a sua parte, ajoelhando-se diante do menino.
Além disto na condição humana muitas vezes devemos procurar “outro caminho” . Como muito bem expressa o livro do Deuteronômio no capítulo 30, existem dois caminhos: um que conduz à vida e outro que conduz à morte. Natal é o convite insistente de Deus para deixarmos os caminhos que levam à morte e abraçarmos aquele que leva à vida.
Mais informações: www.antoniomoser.com
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