Dom Filippo Santoro
Bispo da Diocese de Petrópolis
Na visita ao Papa, em 14 de novembro passado, o Presidente Lula pediu a Bento XVI de intervir mais sobre a crise financeira dando dicas para a ajudar a enfrentar de forma humana a crise econômica. Na mensagem do 1º do ano para o Dia Mundial da Paz o Papa aborda o tema: “Combater a pobreza, construir a paz”. Desde a II Conferência Geral do Episcopado Latino–americano, realizada em Medellin em 1968 até a Conferência de Aparecida (maio 2007), não tem outro tema que tenha tanto ocupado o interesse social dos Bispos como o tema da pobreza. A “opção pelos pobres” se tornou a bandeira da Igreja na América Latina. Assim esta mensagem do Papa chega na hora certa, durante esta crise financeira e econômica mundial, quando seria fácil ceder ao desanimo e a várias formas de resignação.
Bento XVI indica a necessidade de uma mudança de paradigma na ação dos responsáveis políticos como também dos cristãos no mundo. A pobreza é vista como uma causa que favorece ou agrava os conflitos. Com muita maior lucidez e abrangência de quanto não acontecia na reflexão de certos teólogos nas décadas passadas, o Papa entende a pobreza numa forma multidimensional: carências materiais, marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual.
Na primeira parte da sua mensagem, Bento XVI, fala-nos das implicações morais da pobreza, realçando os desafios demográficos, as pandemias como a malária, a tuberculose e a AIDS, a pobreza infantil e a relação existente entre desarmamento e progresso. A propósito da crise alimentar atual, Bento XVI, remete o fenômeno da fome e da pobreza para um enquadramento político, jurídico e econômico: não se trata de falta de recursos, mas da necessidade de enfrentar os fenômenos especulativos e reajustar as instituições políticas e econômicas de modo a garantir o acesso à alimentação e aos bens essenciais.
Combater a pobreza implica, em primeiro lugar, uma análise atenta do fenômeno da globalização. Esta visão global parte do "olhar os pobres bem cientes da perspectiva que todos somos participantes de um único projeto divino: chamados a constituir uma única família, na qual todos - indivíduos, povos e nações - regulem o seu comportamento segundo os princípios de fraternidade e responsabilidade”. Desta forma a ênfase na construção de um novo paradigma se coloca não primeiramente na assistência social, mas na constituição de uma família global – orientada pelos princípios da fraternidade e responsabilidade, segundo um código ético comum.
O Papa ainda afirma que "a luta contra a pobreza requer uma cooperação nos planos econômico e jurídico" em substituição de "políticas marcadamente assistencialistas". Para tal, é necessário promover uma cultura de participação investindo na formação das pessoas e capaz de desenvolver uma mentalidade diferente.
O plano humano da responsabilidade e do direito, na mensagem papal, se juntam dando uma atenção específica aos temas econômicos (mercados financeiros e comércio internacional). A luta contra a pobreza requer "uma cooperação nos planos econômico e jurídico que permita à comunidade internacional, e especialmente aos países pobres, individuarem e atuarem soluções coordenadas para enfrentar os referidos problemas através de um quadro jurídico eficaz para a economia". Para "colocar os pobres em primeiro lugar" já não bastam bons sentimentos e iniciativas ocasionais, é necessária "uma correta lógica econômica por parte dos agentes do mercado internacional, uma correta lógica política por parte dos agentes institucionais e uma correta lógica participativa capaz de valorizar a sociedade civil local e internacional.
Ao realçar a importância da regulação econômica e jurídica dos mercados financeiros e do comércio internacional, Bento XVI, vem juntar-se à voz de quantos reclamam a necessidade de promover regras mais justas no comércio internacional e uma regulação dos mercados financeiros.
“A própria crise recente demonstra como a atividade financeira seja às vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e desprovidas de consideração pelo bem comum a longo prazo”. A globalidade não pode estender-se apenas na geografia, mas também no tempo. Soluções imediatas revelam “a avidez e a estreiteza de horizontes”.
A mensagem do Papa Bento XVI, suscita alguns desafios muito urgentes para todos os níveis da sociedade em vista do crescimento humano e social dos povos por meio de uma cooperação internacional e de uma ação política que envolve os poderosos e a gente simples. Há uma pergunta essencial que o Papa nos lança: “sente cada um de nós, no íntimo da consciência, o apelo a dar a própria contribuição para o bem comum e a paz social?”
No início deste ano somos todos chamados em causa para dar a nossa contribuição para erradicar a pobreza e construir a paz. Em particular invoco sobre o novo prefeito, sua administração e toda a nossa cidade a bênção do Senhor: que seja dada uma atenção particular à saúde e à educação do nosso povo.
Feliz 2009
Bispo da Diocese de Petrópolis
Na visita ao Papa, em 14 de novembro passado, o Presidente Lula pediu a Bento XVI de intervir mais sobre a crise financeira dando dicas para a ajudar a enfrentar de forma humana a crise econômica. Na mensagem do 1º do ano para o Dia Mundial da Paz o Papa aborda o tema: “Combater a pobreza, construir a paz”. Desde a II Conferência Geral do Episcopado Latino–americano, realizada em Medellin em 1968 até a Conferência de Aparecida (maio 2007), não tem outro tema que tenha tanto ocupado o interesse social dos Bispos como o tema da pobreza. A “opção pelos pobres” se tornou a bandeira da Igreja na América Latina. Assim esta mensagem do Papa chega na hora certa, durante esta crise financeira e econômica mundial, quando seria fácil ceder ao desanimo e a várias formas de resignação.
Bento XVI indica a necessidade de uma mudança de paradigma na ação dos responsáveis políticos como também dos cristãos no mundo. A pobreza é vista como uma causa que favorece ou agrava os conflitos. Com muita maior lucidez e abrangência de quanto não acontecia na reflexão de certos teólogos nas décadas passadas, o Papa entende a pobreza numa forma multidimensional: carências materiais, marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual.
Na primeira parte da sua mensagem, Bento XVI, fala-nos das implicações morais da pobreza, realçando os desafios demográficos, as pandemias como a malária, a tuberculose e a AIDS, a pobreza infantil e a relação existente entre desarmamento e progresso. A propósito da crise alimentar atual, Bento XVI, remete o fenômeno da fome e da pobreza para um enquadramento político, jurídico e econômico: não se trata de falta de recursos, mas da necessidade de enfrentar os fenômenos especulativos e reajustar as instituições políticas e econômicas de modo a garantir o acesso à alimentação e aos bens essenciais.
Combater a pobreza implica, em primeiro lugar, uma análise atenta do fenômeno da globalização. Esta visão global parte do "olhar os pobres bem cientes da perspectiva que todos somos participantes de um único projeto divino: chamados a constituir uma única família, na qual todos - indivíduos, povos e nações - regulem o seu comportamento segundo os princípios de fraternidade e responsabilidade”. Desta forma a ênfase na construção de um novo paradigma se coloca não primeiramente na assistência social, mas na constituição de uma família global – orientada pelos princípios da fraternidade e responsabilidade, segundo um código ético comum.
O Papa ainda afirma que "a luta contra a pobreza requer uma cooperação nos planos econômico e jurídico" em substituição de "políticas marcadamente assistencialistas". Para tal, é necessário promover uma cultura de participação investindo na formação das pessoas e capaz de desenvolver uma mentalidade diferente.
O plano humano da responsabilidade e do direito, na mensagem papal, se juntam dando uma atenção específica aos temas econômicos (mercados financeiros e comércio internacional). A luta contra a pobreza requer "uma cooperação nos planos econômico e jurídico que permita à comunidade internacional, e especialmente aos países pobres, individuarem e atuarem soluções coordenadas para enfrentar os referidos problemas através de um quadro jurídico eficaz para a economia". Para "colocar os pobres em primeiro lugar" já não bastam bons sentimentos e iniciativas ocasionais, é necessária "uma correta lógica econômica por parte dos agentes do mercado internacional, uma correta lógica política por parte dos agentes institucionais e uma correta lógica participativa capaz de valorizar a sociedade civil local e internacional.
Ao realçar a importância da regulação econômica e jurídica dos mercados financeiros e do comércio internacional, Bento XVI, vem juntar-se à voz de quantos reclamam a necessidade de promover regras mais justas no comércio internacional e uma regulação dos mercados financeiros.
“A própria crise recente demonstra como a atividade financeira seja às vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e desprovidas de consideração pelo bem comum a longo prazo”. A globalidade não pode estender-se apenas na geografia, mas também no tempo. Soluções imediatas revelam “a avidez e a estreiteza de horizontes”.
A mensagem do Papa Bento XVI, suscita alguns desafios muito urgentes para todos os níveis da sociedade em vista do crescimento humano e social dos povos por meio de uma cooperação internacional e de uma ação política que envolve os poderosos e a gente simples. Há uma pergunta essencial que o Papa nos lança: “sente cada um de nós, no íntimo da consciência, o apelo a dar a própria contribuição para o bem comum e a paz social?”
No início deste ano somos todos chamados em causa para dar a nossa contribuição para erradicar a pobreza e construir a paz. Em particular invoco sobre o novo prefeito, sua administração e toda a nossa cidade a bênção do Senhor: que seja dada uma atenção particular à saúde e à educação do nosso povo.
Feliz 2009
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