terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O MAU HUMOR NA CIVILIZAÇÃO

Dia desses quase fui multado por uma dessas fiscais de estacionamento regulamentado que, em Curitiba, o povo apelidou carinhosamente de “periquitas” por conta do seu uniforme todo verde e facilmente perceptível a um quilômetro de distância.

Sem me eximir da culpa, o fato é que a moça estava com um mau humor daqueles e quando a encontrei, como eu também não estava lá nos meus dias, juntou a fome e a vontade de comer.Ao me aproximar do veículo notei que o auto de infração já havia sido lavrado e, por conta de daqueles cinco minutos que a gente sempre arrisca, o aviso estava lá, devidamente postado sobre o vidro dianteiro.

Foi quando me obriguei a iniciar uma verdadeira caçada pelas quadras ao redor a fim de localizar a madame e regularizar a situação antes de levar aquela multa que todo prefeito adora aplicar e se deleita ao receber.

Em Curitiba, as “periquitas” crescem diante de um crachá da prefeitura e, geralmente, elas não têm papas na língua, como se diz na gíria, portanto, o melhor a fazer é agir exatamente ao contrário, com educação e paciência. Como não tenho vocação para tentar o jeitinho brasileiro, preferi seguir o protocolo.

A duas quadras do local avistei uma delas e imaginei que deveria ser a mesma, razão pela qual me aproximei, em fila dupla, é óbvio, considerando o caos do trânsito curitibano, e disparei educadamente: por gentileza, preciso regularizar esse auto. Pode ser contigo? Sem a menor cerimônia, ela retrucou em voz alta para todo mundo ouvir: - eu não falo com ninguém em fila dupla!

Naquele momento, minha vontade era pegá-la pelo pescoço, entretanto, considerando uma série de fatores, decidi que o melhor a fazer era procurar uma vaga para estacionar o carro e assim iniciar uma conversa amigável.

Para arrematar a conversa, arrisquei um comentário: - imagino que você não deve ter levantado bem hoje! – Isso não é problema seu, respondeu a fiscal. Então, respirei fundo e encerrei a conversa por ali mesmo. Por fim, adquiri aquele maldito bloco inteiro de estacionamento que a prefeitura local empurra na marra, se você quiser livrar-se da multa.

O episódio descreve um fato corriqueiro que acontece com centenas de pessoas mal-humoradas que circulam ao nosso redor. Infelizmente, pessoas desse tipo estão presentes em todos os lugares, credos, culturas e religiões. Quando você menos espera, elas surgem do nada e, ao menor sinal de aproximação, tentam fazer com que você se sinta um lixo.

No mundo corporativo não é diferente. Todos os dias deparamo-nos com pessoas cuja marca pessoal é o mau humor, pessoas que não nos cumprimentam na entrada, mas fazem questão de sorrir quando o diretor da empresa está por perto, pessoas que nem se dão ao mínimo trabalho de disfarçar uma noite mal dormida ou a conta bancária no vermelho.

Ninguém é obrigado a viver sorrindo para agradar a opinião alheia. Da mesma forma, ninguém é obrigado a conviver sorrindo com pessoas que não fazem o mínimo esforço para descobrir porque nasceram e para mudar os acontecimentos ao seu redor. Obviamente, todos têm o direito de viver e agir da forma que julgarem mais conveniente, entretanto, ninguém tem o direito de impor esse tipo de comportamento que não combina mais com as regras de boa convivência da nossa sociedade moderna.

Faz muito tempo que eu adotei a prática de expressar com franqueza o meu desconforto em relação ao mau humor das pessoas. Naturalmente, eu respeito determinada condição, determinado momento, uma situação temporária difícil ou de insatisfação, algo que pode acontecer a cada um de nós. Contudo, aceitar passivamente o mau humor de alguém, e imaginar que isso deve ser respeitado, não é comigo.

Eu tive a felicidade de nunca ter alguém mal-humorado na equipe e se tivesse, provavelmente, não duraria dois ou três meses, tempo suficiente para uma boa conversa ao pé-do-ouvido, realinhamento e substituição, se necessário. Pessoas mal-humoradas contaminam o ambiente, destroem o espírito de equipe e sugam a energia positiva que pode ser canalizada para a obtenção de melhores resultados.

Por experiência própria, penso que todo mau humor tem sua origem, motivo pelo qual quero compartilhar com o antídoto que procurei adotar ao longo da minha carreira profissional em situações semelhantes. Mude sua postura e sua vida mudará radicalmente. Pense nisso e seja feliz!

1. Descubra a fonte do mau humor. Quando se descobre a origem, a abordagem se torna mais fácil, o diagnóstico mais preciso e o remédio mais fácil;
2. Trate abertamente a questão. Seja objetivo e direto, principalmente em cargos de liderança. Não prorrogue a convivência com a pessoa mal-humorada por mais de dois ou três meses, tempo suficiente para abordar o assunto em particular.
3. Elimine o problema. Conviver com profissionais mal-humorados, ainda que competentes, é um grande martírio. Se você for o líder e não houver outro jeito, disponibilize-o para o mercado, ajude-o a se encontrar. Se você for subordinado a ele, a escolha é sua, portanto, mude enquanto é tempo. Por outro lado, depois de cinco anos de convivência, talvez você fique tão mal-humorado quanto ele e, então, ambos viverão pacificamente.

MISSÃO DO AUTOR
Semear conhecimento e gerar prosperidade para o maior número de pessoas possível, por meio de bons exemplos, disciplina, otimismo e consideração pelo próximo.

Jerônimo MendesAdministrador, Consultor e PalestranteAutor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark) e Benditas Muletas (Vozes) e Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local.

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