Agricultores familiares da Região Serrana começaram a ter acesso a novas tecnologias e práticas que estimulam o desenvolvimento rural sustentável, aliando a geração de renda à preservação do meio ambiente. Em 2013, o Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura, liberou recursos não reembolsáveis para mais de 180 beneficiários em microbacias de oito municípios da região. Ao todo, já são mais de 350 projetos, que equivalem ao investimento de cerca de R$ 700 mil.
Os projetos estão sendo executados em Cantagalo, Carmo, Duas Barras, Macuco, Nova Friburgo, Petrópolis, Santa Maria Madalena e São Sebastião do Alto, com o apoio da Emater-Rio e Pesagro-Rio, empresas vinculadas à secretaria estadual de Agricultura. "As primeiras liberações contemplam práticas ambientais e subprojetos que demandam uma implementação mais simples. As outras estão relacionadas aos projetos mais complexos, como os sistemas de irrigação", explicou o engenheiro agrônomo da Emater-Rio, Gerson Yunes, assessor técnico regional do Rio Rural.
Em Petrópolis, os principais projetos já contemplados nas microbacias Bonfim e Caxambu foram de aquisição e montagem de estufas, uso de fertilizantes orgânicos para o preparo da lavoura de olerícolas, compra de mudas de qualidade, incentivo à diversificação (principalmente com mudas de frutíferas) e o cordão vegetal (mudas para proteção de encostas).
Para garantir o aproveitamento máximo desses investimentos, o escritório local da Emater-Rio vem promovendo treinamentos para técnicos e agricultores familiares beneficiários do programa naquela microbacia. Um dos cursos foi sobre montagem de estufas e outro sobre preparo de caldas alternativas (bordalesa e viçosa). Ambos foram realizados no Sítio Nossa Senhora da Piedade, onde vive dona Lalia Gomes Pimenta e os dois filhos.
No local, a família cultiva quatro variedades de flores (chuva de prata, murta, cedro maçã e eucalipto prateado) e hortaliças. Os produtos são escoados para o Cadeg (Mercado Municipal do Rio de Janeiro) e para a unidade Grande Rio da Ceasa-RJ. "Estou satisfeita com a estufa. Vou usar tanto para folhosas, quanto para flores. A vantagem é o ganho em produtividade", disse a agricultora.
Para o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, um dos grandes legados do Programa Rio Rural para a produção agrícola da região é o aumento da conscientização para adoção de práticas sustentáveis e ecoamigáveis. "É a oportunidade de usar a tecnologia disponível em favor da produção de alimentos em harmonia com o meio ambiente", frisou.
O uso de tecnologias de baixo impacto ambiental também está nos planos dos moradores da microbacia do Bonfim, vizinha ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Com o apoio do Rio Rural, serão implantados sistemas econômicos e automatizados de irrigação. O desperdício de água na irrigação foi um dos problemas identificados através do diagnóstico rural participativo (DRP), ferramenta de planejamento local das microbacias.
Uma parceria entre a secretaria municipal de Agricultura, Abastecimento e Produção, Emater-Rio e uma empresa de produtos agrícolas, viabilizou a capacitação sobre microaspersão, gotejamento e fertirrigação em olericultura no Sítio Boa Esperança, onde funciona uma unidade demonstrativa de irrigação de baixo volume, já implantada pela Emater-Rio. "Nosso objetivo é estimular o produtor rural a fazer uso mais coerente dos recursos hídricos, sem prejudicar o meio ambiente e sem inviabilizar a agricultura. Através dessa unidade, fruto de uma parceria público-privada, estamos apresentando soluções confiáveis", explicou o extensionista André Luís de Azevedo, executor do Rio Rural na microbacia e coordenador técnico da unidade.
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