terça-feira, 3 de setembro de 2013

AUTOCONTROLE E MARSHMALLOWS – CRÔNICA DE NELSON FEITOSA JR.

"No fim dos anos 60, Walter Mischel da Universidade de Columbia, fez uma série de experiências que denominou “Experiências Marshmallows”, onde crianças eram postas numa sala, com um prato de marshmallows à sua frente e lhes informavam que podiam comer um marshmallow imediatamente ou teriam que esperar quinze minutos, quando poderiam comer dois marshmallows. Um terço das crianças conseguiu esperar os quinze minutos, preferindo aguardar poder comer dois doces ao invés da gratificação imediata de avançar num só. Vinte anos depois, Mischel pôde verificar a correlação entre a forma como a criança havia resistido ao marshmallow e como ele havia se dado bem na vida. As crianças que aguardaram mais tempo pela gratificação de comer o doce, esperando por uma gratificação posterior em dobro, tiveram menor número de problemas na escola e maior desenvolvimento no seu aprendizado. Desde essa época, o autocontrole passou a ser um dos principais focos de interesse para a psicologia; pode-se prever nossa estabilidade financeira, emocional e inclusive nossa estabilidade matrimonial. Acreditamos que podemos melhorar nosso autocontrole através do treinamento e a avaliação de tempos em tempos do nosso avanço nos resultados e melhorias a que nos propusemos. O uso de um simples diário ajuda imensamente a atingirmos nossa metas. O autocontrole funciona como um músculo: o exercício repetido o desenvolve. Por exemplo, descobriu-se que se forçar-mos o uso da mão esquerda em detrimento da direita (nos destros, claro.), por cerca de três semanas, o autocontrole do indivíduo aumenta exponencialmente, estendendo-se a outras áreas da vida do dia a dia. Quem não gostaria de parar de fumar? Ganhar saúde perdendo seu excesso de peso? Controlar sua ingestão de bebidas alcoólicas? Parar de ser grosseiro com seus familiares e amigos? Começar uma prática de exercícios regulares para formatar seu corpo e espírito? Se você acha que o seu temperamento atrapalha seus relacionamentos, tanto a nível familiar quanto social, porque não começar a lapidar uma aresta aqui, outra ali; enfim: podemos nos transformar, mudando para melhor, muito melhor. A prática conduz à perfeição. Minha querida consorte (sorte minha, azar dela: rsrsrsrsr...) tem birra com os computadores em geral: “Eles não gostam de mim... não consigo acessar o e-mail...” Em verdade, muitas das apresentações de páginas nos computadores não são “amigáveis”; há pouco tempo atrás era pior. Mas, para se dar bem nas lides com o computador é preciso paciência, persistência e treino. Ler as instruções. Gostar dos benefícios do programa, ajuda. A dita querida consorte quando lida com um programa de que ela precisa e gosta, agiliza-o com mestria... Nos tempos da Grécia antiga, a educação dos meninos espartanos era muito severa. Os espartanos acreditavam que a riqueza do Estado não estava tanto no dinheiro e sim nos homens que tivessem corpos e mentes sadios, que fossem resistentes tanto às intempéries da natureza quanto às dificuldades morais e materiais. Baden Powell, fundador do escotismo, dizia: “O caráter é algo difícil a ser desenvolvido em um menino somente dentre das paredes de uma escola”. É preciso que haja uma certa proximidade do risco e do perigo. Na prática do escotismo, os meninos (meninas também, à sua maneira) eram ensinados a serem espertos em itens de sobrevivência na mata, aprendiam a cozinhar, limpar um peixe, armar uma barraca, dormir ao ar livre e outras habilidades que serviam para desenvolver um sentido de responsabilidade e maturidade acima da média para a sua idade. Em matéria de superação de dificuldades, a história de Sam Sullivan é ilustrativa. Quando tinha dezenove anos, quebrou a coluna num acidente de esqui. Perdeu os movimentos de braços, pernas e tronco. Entrou em depressão e idéias suicidas até que imaginou uma conversa com Deus. Este lhe dizia: “Qualquer um pode passar pela sociedade moderna com dois braços bons e duas pernas boas. Vamos tirar o funcionamento dos braços e pernas e agora sim, vamos ver do que você é capaz...” Sam mostrou: foi ativista em favor dos deficientes, no que tange aos transportes públicos, das paraolimpiadas e finalmente elegeu-se prefeito da cidade de Vancouver, no Canadá, promovendo ainda as olimpíadas de inverno neste pais, em 2010".

Médico Psicoterapeuta

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