terça-feira, 24 de setembro de 2013

“WORKSHOP DE TEATRO DE ANIMAÇÃO” E “A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO”

Atrações premiadas e com entrada franca no Theatro D Pedro

Quinta-feira, dia 03 de outubro, o Governo do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura apresentam a premiada Cia. PeQuod - Teatro de Animação com o Workshop de Teatro de Animação, visando contextualizar o objeto animado como um elemento cênico, das 14h às 17h e o espetáculo A Chegada de Lampião ao Inferno, às 20h, ambos no Theatro D Pedro.

Em comemoração aos dez anos (2009), a Cia. PeQuod - Teatro de Animação mergulhou de cabeça na cultura brasileira para criar um espetáculo em que funde com radicalidade tradição e modernidade. Livremente inspirada no cordel de mesmo nome, mas também citando o périplo dantesco da Divina Comédia, a peça encontra-se dividida em dois momentos distintos: o primeiro sem palavras e todo feito com bonecos, e o segundo (que trata da ida do Capitão Virgulino às profundas do inferno) combinando de maneira livre e surpreendente atores, bonecos e objetos. A trilha sonora de André Abujamra ajuda a pontuar o lirismo e o horror de uma história que vai até o fim do mundo para mostrar de que barro o nordestino é feito. Este projeto foi contemplado com o patrocínio do Governo do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura, por intermédio do programa Circuito Estadual das Artes para projetos de circulação de espetáculos nas áreas de Artes Cênicas e Música.

A Chegada de Lampião no Inferno, sexto espetáculo da premiada companhia PeQuod, tornou-se mais um grande sucesso graças ao apuro da manipulação dos bonecos, bem como aos avanços na exploração dos limites entre o ator e o objeto animado. Pela primeira vez, a PeQuod explorou uma temática nacional saiu-se muito bem da empreitada de traduzir as cores, as linhas e as formas do Nordeste brasileiro em um espetáculo de grande impacto visual. A recepção do público foi ótima, lotando praticamente toda a temporada de estreia ocorrida no Centro Cultural Banco do Brasil. A crítica, mais uma vez, foi unânime em afirmar que a PeQuod “é um dos grupos mais sólidos e inquietos na linguagem do teatro de animação” como fez o crítico Macksen Luis, do Jornal do Brasil, endossada também por Bárbara Heliodora, de O Globo, em sua crítica ao espetáculo onde destaca que “o trabalho do PeQuod, como sempre, é resultado de muita pesquisa formal e, com esse espetáculo, o público tem não só a ocasião de conhecer mais uma versão do folclore de Lampião, como também a de assistir a um espetáculo interessante e bem realizado.”

Em sua passagem por Minas Gerais as mesmas impressões se repetiram: “Provocativo e intenso, A chegada de Lampião ao inferno revelou a carioca Cia. PeQuod em performance arrojada, madura e ciente de que o teatro de bonecos é vasto campo de descobertas acerca das manifestações culturais, do tradicional ao contemporâneo” - atestou a jornalista Janaína Cunha Melo, de O Estado de Minas.

Neste projeto a PeQuod aproximou-se da cultura brasileira, procurando entender, mais uma vez, a construção de um mito, neste caso, a figura de Lampião. Revendo nossos processos de montagem, buscamos entender a iconografia e reprodutibilidade deste mito através do trabalho de ceramistas que recriaram e propagaram a figura deste cangaceiro para além da região nordestina. Com bonecos inspirados na tradição do Mestre Vitalino, a ação ocorre na verdade em uma velha olaria nos confins do sertão. Neste lugar, os artesãos reinventam a história, utilizando os elementos da própria olaria para contar esta saga fantasiosa. Da grande caixa de argila amaciada com os pés sai o material para esculpir os bonecos; em grandes pranchas as figuras são esculpidas e no forno são queimadas. Neste ambiente rústico, o cotidiano dá espaço para o lúdico, que é capaz de transformar um forno a lenha no próprio inferno. É deste modo, unindo um macro (a olaria) e um micro (o sertão dos bonecos) que a PeQuod entrou em um universo tipicamente brasileiro, celebrando a riqueza, a magia e o colorido que a cultura nordestina possui.

Esta montagem trouxe novos elementos dentro do universo da companhia como uma aproximação maior com a questão musical, impondo um investimento das capacidades musicais dos componentes da PeQuod, que se encarregam da sonoplastia do espetáculo com cantos e instrumentos executados ao vivo. Paralelamente a isto, convidou André Abujamra para criar uma trilha sonora que dialoga perfeitamente com os bonecos. Como se não bastasse chamou ainda o ator Othon Bastos para narrar a história de um sertão que só existe no palco. A essas sutilezas pensadas pela PeQuod junta-se o fato de a montagem ter recebido duas indicações importantes do Prêmio Shell de Teatro, duas aliás, que dizem muito em relação à visualidade de um espetáculo: cenário e luz. É no somatório de todos estes atributos que se pode dizer que A chegada de Lampião no inferno é mais um grande acerto de uma companhia que nunca se repete.

Os interessados em participar do Workshop de Teatro de Animação que visa contextualizar o objeto animado como um elemento cênico e que será realizado das 14h às 17h, deve entrar em contato com a Cia PeQuo através do e-mail ciapequodteatrodeanimacao@gmail.com, enviando nome completo, idade, telefones e breve currículo.

Já os ingressos gratuitos para o espetáculo podem ser retirados na Bilheteria do Theatro D. Pedro, de terça a sábado, das 11h30 às 19h30 na Praça dos Expedicionário, s/nº - Centro - Petrópolis/ RJ. Mais informações podem ser obtidas com a produção local, Xdaquestão Produções, através dos telefones (24) 2231-9707, (24) 8101-4558, do e-mail contato@xdaquestaoproducoes.com.br ou na Fanpage https://www.facebook.com/XdaquestaoProducoes.

A COMPANHIA

A PeQuod nasceu de uma oficina realizada em 1999, que originou o espetáculo Sangue Bom. Entre seus participantes, reunidos por Miguel Vellinho, cresceu a vontade de continuar juntos. O grupo acabou ganhando cara própria e montando um repertório que conquistaria reconhecimento nacional. Esta companhia tem como linha mestra um estudo criterioso sobre a espacialidade no Teatro de Animação, procurando rever determinados conceitos desta arte para que possa reencontrar o seu público em plena era tecnológica. Sem abrir mão do lado artesanal, procura-se, portanto, um diálogo que favoreça o nascimento de um Teatro de Bonecos que esteja em dia com a contemporaneidade de outras manifestações artísticas como o cinema, a dança e a arte seqüencial. Esta interseção de linguagens é uma das características do trabalho da PeQuod, que desde sua primeira montagem procura trabalhar dentro de uma metodologia que propicie esse aglutinamento visual e estético.

Em Sangue Bom, o espetáculo a partir do qual a companhia foi criada, apresentamos uma alternativa de teatro de bonecos para adultos, que buscava na literatura gótica e nos contos de vampiros a sua fonte inspiradora. O espetáculo em 1999, após quase um ano de ensaios, e cumpriu uma carreira regular no Rio de Janeiro recebendo elogios de crítica e público. Sangue Bom tem sido destaque nos mais importantes festivais de teatro do país, até mesmo naqueles com programação hegemonicamente composta por espetáculos só com atores.

No espetáculo seguinte, a junção do teatro musical com o teatro de bonecos foi a tônica para a construção de um auto de Natal feito com Bonecos, cantores e músicos ao vivo. Noite feliz – Um Auto de Natal tornou-se a grande surpresa da programação de final de ano carioca de 2001. Chamava atenção na montagem o apuro da manipulação realizado pelos cantores que davam vozes aos bonecos.

Em 2002, em virtude da comemoração pelos 500 anos da obra de Gil Vicente, a PeQuod resgatou a pequena farsa O Velho da Horta e a transformou num espetáculo infantil, vencedor do Prêmio Maria Clara Machado de 2003, na Categoria Especial (pela confecção dos bonecos), além de ter sido indicado nas categorias Melhor Iluminação e Melhor Cenografia.

Em 2004 a PeQuod estreou Filme Noir, uma inusitada experiência que reuniu a linguagem do teatro de animação e o gênero cinematográfico norte-americano dos filmes escuros de contos policialescos. A montagem teve excelente repercussão de público e crítica. Filme Noir foi o vencedor do Prêmio Shell de Teatro em 2005 na categoria Melhor Iluminação, pelo trabalho de Renato Machado, além de ter sido indicado para a Categoria Especial, “pela qualidade de confecção e manipulação dos bonecos”.

No ano de 2006 a companhia lançou-se em uma empreitada de grande ousadia. A montagem de Peer Gynt, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen demandou grande esforço, não apenas pelo desafio de montar a grandiosa fábula poética acerca do homem que fracassa ao tentar saber quem é. O espetáculo foi um verdadeiro marco na trajetória da companhia que combinou bonecos e atores num cenário de alta sugestão poética e revelação total das engrenagens que impulsionam a ilusão da cena. Esses esforços acabaram sendo recompensados com duas indicações ao Prêmio Shell (Melhor Direção e Melhor Cenografia), além de ter sido considerado pela crítica de Teatro do jornal O Globo, Bárbara Heliodora, como uma das dez melhores peças teatrais de 2006.

A Chegada de Lampião no Inferno, montagem de 2009, teve uma estreia com críticas elogiosas, sessões lotadas e duas novas indicações ao Prêmio Shell de Teatro de 2009: Melhor Cenografia e
Melhor Iluminação. O espetáculo prossegue com o tipo de integração entre bonecos, atores e objetos iniciado em Peer Gynt e explora a maldade inerente ao ser humano, tendo como apoios principais a mitologia que envolve a figura do Capitão Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, e a impressionante descrição do vício humano feita por Dante Aligheri em sua Divina Comédia.

O ano de 2010 foi extremamente prolífico. Em janeiro a PeQuod lançou-se como organizadora de uma mostra dedicada ao Teatro de Animação. A MITA – Mostra Internacional de Teatro de Animação trouxe para o Rio espetáculos da Argentina, Holanda, Portugal além de montagens de outros estados do Brasil. No segundo semestre estreou o projeto Marina que se divide em duas verões; uma adulta e outra infantil. A montagem é uma adaptação do conto de Hans Christian Andersen, A Sereiazinha que se cruza com as canções praieiras de Dorival Caymmi. A utilização de bonecos aquáticos e quatro grandes aquários impressionou o público e a crítica. A versão adulta foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro 2011 na Categoria Especial e a versão infantil obteve seis indicações para o Prêmio Zilka Salaberry de Teatro Infantil: Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Cenografia, Melhor Direção Musical, Melhor Iluminação e Prêmio Especial. Em 2012, estreou A Tempestade, de William Shakespeare no Teatro Municipal do Jockey.

Hoje, chegando à marca de sua primeira década de existência, a PeQuod é uma das mais destacadas companhias de teatro de animação do país, com um repertório sólido e reconhecido em todo o Brasil.

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: Mario Piragibe e Miguel Vellinho
Direção: Miguel Vellinho
Elenco: André Gracindo, Gustavo Barros, Liliane Xavier, Márcio Nascimento e Raquel Botafogo
Voz Off: Othon Bastos
Cenário e Adereços: Carlos Alberto Nunes
Iluminação: Renato Machado
Figurino: Daniele Geammal
Trilha Sonora: André Abujamra
Direção Musical: Thiago Picchi
Fotografias: Simone Rodrigues
Modelagem dos bonecos: Andréa Kossatz
Confecção dos bonecos: Andréa Kossatz, Márcio Newlands, Michel Sousa, Thiemy Katayama
Pintura de arte e adereços: Nilton Katayama
Assistência de confecção: Flaviane Penafort, Gabriela Christ, Joanna Pacheco e Luiza Paes
Assistência de figurino: Renata Cortes e Caio Braga
Cenotécnico: Marco Souza R. Cardoso e Álvaro de Souza
Costureiras: Marilene e Terezinha
Fotografias: Julio Appel e Simone Rodrigues
Operação de Luz: Neck Vilanova
Operação de Som: Telma Lemos
Programação Visual: Roberta de Freitas
Produção: Erick Ferraz

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