No dia 17 de outubro, das 10h às 17h, o Laboratório Baffi (unidade Arabela, sala 109) fará gratuitamente o teste rápido da Hepatite C. Os resultados saem em até 10 minutos. Só no Brasil, mais de 3 milhões de pessoas estão contaminadas e não sabem.A iniciativa tem o apoio da Hepatocerto de apoio aos pacientes portadores de Hepatite de Petrópolis, do grupo Gênesis de Niterói e do grupo Otimismo do Rio de Janeiro. HEPATITE C – a doença do Milênio A hepatite C é considerada um sério problema de sáude pública.
Estima-se que existam mais de 170 milhões de indivíduos infectados pelo vírus da hepatite C (HCV). Acredita-se que um em cada 30 brasileiros esteja contaminado pelo vírus C. A identificação do vírus da hepatite C (HCV) por Choo em 1989, pesquisador da Chiron Corporation, permitiu o reconhecimento do vírus responsável pela maioria das hepatites não-A, não-B pós transfusionais, hoje consideradas como uma das principais causas de hepatopatia crônica no mundo (170 milhões de portadores) e principal indicação de transplante de fígado nos maiores centros mundiais (30% das indicações no Estados Unidos.No Brasil, 60% dos pacientes em lista de transplante de fígado é pelo vírus da hepatite C). Admite-se que 1% a 2% da população adulta no Brasil seja portadora do HCV, com prevalência bem menor na população infantil. Por outro lado, a transmissão predominante por via transfusional, deu lugar, na última década, a outras vias de transmissão, como injeções venosas em drogaditos, equipamentos de hemodiálise, material contaminado em pessoal de sáude, práticas que levam à solução de continuidade da pele, transmissão doméstica e perinatal.
Após período de incubação de cinco a 12 semanas (80% dos casos), mais amplamente entre duas e 26 semanas, cerca de 20% dos pacientes serão sintomáticos, apresentando febre, icterícia, astenia e estado nauseoso. Esses sintomas associados a hepatite aguda desaparecem em um a três meses. Após o contágio, o HCVRNA pode ser detectado em uma a duas semanas, embora o antiHCV, por Elisa de 3a. geração, recurso diagnóstico mais utilizado, só apareça cinco a seis semanas após a exposição, e sempre dentre as 20 primeiras semanas.Admite-se que 80% dos portadores do HCV apresentem persistência do marcador de replicação viral (HCVRNA) seis meses após o início da infecção, caracterizando a forma crônica da doença.
A incidência de novas infecções sintomáticas tem sido estimada em 1-3 casos/100000 pessoas anualmente. A incidência de novas infecções é òbviamente muito maior (a maioria dos casos sintomáticos). A incidência está diminuindo por duas razões:a) a transmissão por transfusão de sangue ou hemoderivados foi reduzida a quase zero.b) as precauções universais têm reduzido as transmissões em procedimentos cirúrgicos.
O uso de drogas intravenosas permanece o principal modo de transmissão; porém o risco de transmissão tem diminuido devido ao não compartilhamento de seringas e, em alguns países a implementação dos programas de redução de danos. Cerca de 20% dos pacientes com hepatite crônica C desenvolvem cirrose em 10-20 anos e, podem morrer devido a complicações da cirrose na ausência de transplante do fígado. Vários fatores têm um papel importante no desenvolvimento da cirrose:a) a idade do tempo da infecção( os pacientes que adquirem a infecção na idade adulta evoluem mais rápido para cirrose e, aqueles mais jovens têm uma evolução mais lenta)b) alcoolismo – todos os estudos mostram que o álcool é um importante fator na progressão da hepatite crônica para cirrose;c) co-infecção com HIVd) co-infecção com hepatite B.
A incidência de Carcinoma Hepatocelular(CHC) é 1-4% por ano em pacientes com cirrose. Isto nos leva a monitorar estes pacientes com exames de ultrasonografia abdominal e dosagem de alfafetoproteína a cada 6 meses.O teste diagnóstico chamado de Elisa é o mais fácil e barato para rastreamento inicial da doença. Em bancos de sangue , 25% dos exames Elisa podem ter resultados, falsos necessitando um teste suplementar (HCVRNA qualitativo) a fim de se evitar notificações erradas ou resultados falso positivos. Em pacientes com hepatite de causa desconhecida, deve ser solicitado de início um teste AntiHCV. Se os testes para hepatite A e B forem negativos, deverá ser solicitado o teste AntiHCV qualitativo.Em pacientes Elisa negativos de hepatite crônica desconhecida, particularmente em pacientes dializados ou imunocomprometidos, deverá ser feito o HCVRNA qualitativo.
O teste AntiHCV deve ser limitado para os seguintes grupos:a) pessoas que receberam sangue ou hemoderivados antes de 1992;b) hemofílicos;c) pacientes hemodializados;d) crianças nascidas de mãe AntiHCV positivas;e) ex ou atuais usuários de drogas ilícitas;f) doadores de órgãos ou tecidos para transplantes . A transmissão sexual não é comum; o mesmo não acontece entre casais com múltiplos parceiros. Não se justifica o uso de preservativo em casais com relação monogâmica; é obrigatório o uso de preservativo em casais com múltiplos parceiros. A gravidez não é contraindicada em mulheres AntiHCV positivas. A transmissão vertical não é comum; o risco é maior em mães HIV positivas e com carga viral elevada. Não há relação entre amamentação e transmissão do HCV para a criança.
A decisão de tratamento depende de numerosos fatores: idade do paciente, doenças concomitantes, risco de cirrose e contraindicações ao uso de interferon e ribavirina. Compreender a infecção pelo HCV depende de suporte da indústria farmacêutica, particularmente da educação médica e avaliação do tratamento em grandes protocolos de tratamentos clínicos; entretanto no presente momento, o custo da combinação terapêutica é muito grande para a maioria dos pacientes na Europa e outros continentes que o realizam.
O uso de outras combinações de medicamentos diferentes do interferon e ribavirina não apresentam melhores resultados do que é obtido com essas drogas. As dificuldades em produzir uma vacina são:a) apenas o homem e o chimpanzé são infectados ; O HCV replica pobremente in vitro;b) As proteínas do envelope viral (E1/E2) são extremamente mutáveis.
Para o futuro deve-se discutir outros temas como:
-no diagnóstico: marcadores de fibrose, o papel do screening do CHC e padronização dos testes HCV
-no campo da história natural : estudar os pacientes com transaminases persistentemente normais, preditores de fibrose e, preditores do CHC.
-no campo da virologia: desenvolvimento de modelos in vitro para demonstrar a replicação viral , a eficácia de novos antivirais e a descoberta de modelos animais para que seja testado os novos antivirais e vacinas.
-no campo do tratamento: o benefício do tratamento de grupos especiais (hepatite aguda, pacientes com transaminases normais, síndromes extrahepáticas,cirrose compensada, não respondedores ao tratamento atualmente conhecido), e avaliar os benefícios de manter o tratamento de manutenção em não-respondedores.
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