terça-feira, 5 de abril de 2011

UM ROMANCE HILARIANTE REPLETO DE INTRIGA, SEXO, IRREVERÊNCIA E HUMOR

Os moradores de Todavia eram um povinho ensimesmado e fuxiqueiro, cujo passatempo predileto era escrever cartas anônimas uns para os outros

Em Todavia, uma pequena cidade baiana de uns cinco mil habitantes, cartas anônimas carregadas de humor, virulência e malícia circulam sem parar, desnudando segredos e destruindo reputações.

Os todavianos “sabiam tudo de todos, vez que as artes do leva e traz, da intriga e da futrica, da boataria bem urdida e da sordidez sem pecado ou culpa eram exercidas com exemplar competência, com invulgar mestria”. O tom deste divertidíssimo romance de humor negro remete ao mesmo realismo fantástico que regia Macondo, a cidade imaginária do romance Cem anos de solidão. Embora igualmente surreal, o universo de Todavia é, todavia, bem mais irreverente e descaradamente erótico.

Fernando Vita, autor do premiado Tire a doidinha da sala que vai começar a novela, volta à carga em Cartas anônimas com seu humor e talento inigualáveis; com seu brilhante estilo de parágrafos longos, claros e ritmados semelhantes aos de José Saramago; e com sua narrativa que evoca o realismo fantástico, gênero consagrado por Gabriel García Marques, mas neste caso totalmente brasileiro.

O que faz de Todavia a Macondo da Bahia são seus tipos impagáveis, como a bela Boneca (alvo da paixão do missivista anônimo “o Sedutor”), o hipócrita monsenhor Galvani, o tabelião Francínio, “cachaceiro inveterado, libertino deslavado”, o priápico Teofinho, o metido a cantor Vardinho Rolete, Nadinho da Jega, o “líder da comilança de bichos”, os irmãos Didi do Vinagre e Dodô das Bicicletas, Alcebíades, o “homem que virava monstro”, as estagiárias de jornalismo Laudiceia e Roberta, e outros. Ao se recordar desses personagens com quem conviveu, o narrador atribui um sentido assombroso às situações corriqueiras, trazendo um sopro mítico que empresta uma dimensão universal aos seus vizinhos, à sua vila, à sua Todavia.

Cartas anônimas é uma história engraçadíssima, que faz rir até mesmo em seus momentos mais dramáticos, aqueles em que a morte, a mais indesejada das coisas da vida, vem e colhe, de maneira inesperada ou não, um todaviano qualquer. É que os de Todavia são esquisitos e fuxiqueiros até na hora de morrer. E até morrendo fazem rir.

Entrevista com o autor:
http://www.geracaobooks.com.br/releases/?entrevista=290

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