Enrique Diaz dirige Emilio de Mello e Fernando Eiras em peça inédita no Brasil
Depois de desconstruir clássicos, em seus mais recentes (e premiados) espetáculos – “Ensaio.Hamlet” e “Gaivota – tema para um conto curto” –, o ator e diretor Enrique Diaz se debruça, agora, sobre uma obra do autor canadense Daniel MacIvor, “In on it”. Inédito no Brasil, MacIvor (disponível para entrevistas) – e a peça – foi descoberto por Diaz numa viagem a Nova Iorque.
– “Quando vi a peça em Nova Iorque, anos atrás, achei-a interessantíssima: alguma coisa incompleta, mas que seduzia pela maestria no jogo dos níveis de interpretação e pela metalinguagem. Dois atores, atuações complexas e um universo poético muito sensível. Anos mais tarde, fui com “Ensaio.Hamlet” para o Under The Radar Festival, festival de artes onde o Daniel MacIvor se apresentou no ano seguinte. A partir daí comecei a costurar a possibilidade de montar a peça no Brasil – conta.
Enrique Diaz se uniu a dois parceiros antigos, e excelentes atores: Emilio de Mello e Fernando Eiras. Propôs o projeto para o Oi Futuro, onde já apresentara “A Paixão segundo G.H.”, e obteve o patrocínio da Oi, via Lei de Incentivo a Cultura da Secretaria de Estado de Cultura.
O espetáculo ocupou o palco do teatro Oi Futuro de 26 de março a 19 de julho. Em seguida, foi ao Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (23, 24 e 25 julho), em São Carlos (SP) no dia 30 de julho e Teresópolis dia 2 de agosto. E depois re-estreiou no Rio de Janeiro, no Teatro Municipal Maria Claro Machado (Planetário da Gávea), de 7 de agosto a 27 de setembro. De 2 a 4 de outubro passou no Teatro Oi Futuro, seguindo para o Klaus Vianna em Belo Horizonte (MG), dia 7 de outubro em Campinas (SP), dia 13 de outubro no Festival Nacional de Teatro de Vitória (ES). Dias 24 e 25 de outubro esteve em Salvador (BA), dia 15 de novembro em Angra dos Reis (RJ) e, em seguida, para Recife (PE).
Em dezembro o premiado espetáculo chega à Petrópolis onde terá única apresentação.
Uma sensação de mistério permeia “In On It”, peça teatral escrita para dois atores em uma narrativa em espiral. Um homem escreve uma peça sobre alguém que sofre um acidente, dois amantes vêem seu amor terminar, e dois homens contam esta história. Dez personagens ganham vida na pele de Emilio e Fernando. A estrutura metalingüística encaminha a trama para um final surpreendente.
– É um exercício, um jogo de dois, uma trama de cenas – explica Enrique Diaz.
O ESPETÁCULO
Três camadas são apresentadas e fundidas durante o espetáculo: a peça (escrita por um dos personagens); o espetáculo, e o passado. A peça é a historia de Ray, que acontece com um estilo mais, digamos, teatral, do que os outros dois planos. O espetáculo é o que acontece “aqui e agora” – o presente - consiste principalmente na discussão entre os dois personagens (“Este aqui” e “Aquele ali”) acerca da peça e seu desenvolvimento e a relação entre eles. O passado fala de como a relação entre os dois personagens principais se iniciou e se desenvolveu.
“IN ON IT é uma peça teatral para dois atores. Uma narrativa em espiral sobre um homem que morre, dois amantes cujo amor esta terminando e dois homens que contam esta historia.” Há um acidente de carro envolvendo um Mercedes azul. O carro parece ter sido jogado para a outra pista, sem motivo aparente. “Esse aqui”, com a ajuda de “Aquele ali” representa as cenas de uma peça que ele escreveu sobre Ray, que supostamente dirigia o Mercedes azul. Ray fora informado pelo medico que sofria de uma doença grave. “Esse aqui” e “Aquele ali”, os dois personagens centrais, comentam as cenas, que envolvem ainda a mulher, o filho e o pai de Ray, e vão descobrindo implicações de suas vidas pessoais na obra escrita por “Esse aqui”. – A historia é a base do que acontece em cena, mas não necessariamente tem que ser entendida de forma exata pelo público. O autor diz isso no texto de apresentação. O público é convidado a compor a historia que quiser ou puder – esclarece Diaz.
CENÁRIO
A concepção de cenário (Domingos de Alcântara) é desnudar o teatro, deixando-o com as paredes descobertas, e usar apenas duas cadeiras. A ambientação será indicada por uma iluminação diferente (Maneco Quinderé) para cada “realidade”. Os únicos objetos de cena serão: duas cadeiras, um casaco esportivo cinza, um lenço e um molho de chaves.
O DIRETOR
Enrique Diaz
Fundador e diretor da Cia. dos Atores, e do Coletivo Improviso. Dirigiu o Teatro Ziembinski e o Espaço Cultural Sérgio Porto, da Rede Municipal de Teatros da Prefeitura do Rio. Teve seus trabalhos apresentados em festivais em vários países, como o Festival de Outono de Paris, Public Theatre (NY/EUA), Theatre National Populaire (Villeurbanne), Chekhov Festival (Moscou), Culturgest (Lisboa), Kunsten Festival des Arts (Bruxelas), Shizuoka Performing Arts Festival (Japão), além de cidades em todo o Brasil. Recebeu os prêmios Molière, Mambembe, Shell, Sharp, APCA, Qualidade Brasil, PRIME Bravo e APETESP. Dirigiu peças como “Melodrama”, "As Três Irmãs", "Nada de Pânico", “O Bem Amado”, “Ensaio.Hamlet”. Como ator faz trabalhos em teatro, cinema e televisão, entre eles os longas "A Casa de Areia", de Andrucha Waddington, e "O Auto da Compadecida", de Guel Arres; as séries de TV "A Muralha", de Denise Sarraceni e, "Filhos do Carnaval", da HBO, dirigida por Cao Hamburger.
OS ATORES
Emílio de Mello
Formado como ator pela EAD / SP e pela ECA da USP. Fez com Mauro Rasi as peças “A Estrela do Lar”, “Viagem à Forli” e “Pérola”. Atuou em Antígona, de Sófocles, direção de Moacyr Góes, As Três Irmãs de Anton Tchekhov, direção de Bia Lessa, O Avarento de Moliére, com a direção de Amir Haddad, Credores de August Strindberg, direção de Antonio Gilberto e “Ensaio.Hamlet”, inspirado na obra de William Shakespeare sob a direção de Enrique Diaz. Fez ainda “A Prova” sob a direção de Aderbal Freire Filho, “K2 - dois homens e uma montanha”, sob a direção de Celso Nunes, e Baque (2005), com direção de Monique Gardenberg. Fez estágios com Arianne Mnouchkine, Ushio Amagatsu, Yoshi Oida e Anatoli Vassiliev. No cinema atuou em vários longa metragens, como “Veja Esta Canção”, “Villa-Lobos – uma vida de paixão”, “Amores Possíveis” e “Cazuza”, entre outros. Recebeu os prêmios Qualidade Brasil como Melhor Ator por Baque e o Kikito de Melhor ator coadjuvante em Gramado por “Querido Estranho”.
Fernando Eiras
Com mais de 30 anos de carreira, fez espetáculos como “Mahagonny”, de Brecht, dirigida por Luís Antônio Martinez Corrêa, “Os Possessos”, direção de Bia Lessa, “George Dandin”, de Molière, com Rubens Corrêa, direção Ivan de Albuquerque, “Uma Estória de Borboletas”, texto de Caio Fernando Abreu, com direção de Gilberto Gawronski.
Atuou nos musicais “Nada Além de uma Ilusão” dirigido por Luiz Arthur Nunes, e Pixinguinha, em 1994, com direção de Amir Haddad. E está em cartaz com “A Noviça Rebelde”. Com Enrique Diaz fez “As Três Irmãs”, de Tchekhov, e “Ensaio.Hamlet”, baseado em Shakespeare, Prêmio Qualidade Brasil em 2004 de Melhor Ator. O ator é indicado três vezes ao Prêmio Shell: por “Noite Feliz”, em 1995, texto e direção de Flávio Marinho, por “Fausto”, em 2003, obra de Goethe dirigida por Moacir Chaves ; e em 2008 por “A Noviça Rebelde”, com direção de Claudio Botelho e Charles Muller. Tem uma premiada carreira no cinema, em que se destacam produções de Júlio Bressane, como “Dias de Nietzsche em Turim” e “Filme de Amor”.
COMENTÁRIOS “IN ON IT” BRASIL
“A direção de Enrique Diaz é impecável: identidade física, andamento, aproximações, afastamentos, tudo está sob controle, mas com toda a liberdade de que o ator precisa. (…) Fernando Eiras e Emilio de Mello ‘brincam’ com a emocionante seriedade desse quadro de vida com uma segurança notável.(…) Um espetáculo de excepcional qualidade, imperdível.” (Barbara Heliodora – critica O Globo)
“A trama do dramaturgo canadense Daniel MacIvor propõe um jogo cêico eletrizante entre Fernando Eiras e Emílio de Mello. (…) Na direção, Enrique Diaz explora com maestria o entendimento da dupa na palco. Resulta desse encontro despojado de autor, atores e diretor um drama poético surpreendente e emocionante.” (Débora Ghivelder – critica Veja Rio)
“A direção de Diaz, exemplar, se concentra na compreensão da carpintaria do texto e no ótimo trabalho dos dois atores, Emílio de Mello e Fernando Eiras, que combinam densidade e leveza, dando conta de todas as camadas dramatúrgicas com atuações em que nada sobra e nada falta.(…) O resultado final toca, provoca, confunde edesafia. É, sem dúvida, um encontro imperdível.” (Manoela Sawitzki – Revista BRAVO !)
"As melhores coisas que eu vi em teatro são simples assim: num palco quase nu, bons atores e um texto fazem a imaginação da plateia voar. In On It é uma dessas obras raras, que utilizam essa simplicidade a favor da vida, revelando-se aos poucos e provocando sucessivos momentos iluminados." (Marcos Damigo – crítico da Vogue RG)
“Todo dia a morte do teatro é decretada em alguma esquina e nem todo dia surge uma peça para desmentí-la. In On It é um desses raros acontecimentos em que o teatro justifica a sua razão de ser e de existir. Simples, trágica, cômica, humana e calcada naquilo que o teatro tem de insuperável: ator e texto. Merece ganhar o mundo e o céu também.” (Fernanda Torres – atriz)
“Fiquei absolutamente encantado com a peça. Fui do riso a lágrima e de volta ao riso espontaneamente, sem perceber. Um jogo envolvente, muito sincero e cheio de amor. Os atores, a direção, a luz, a trilha, o figurino, tudo é muito bom. Tudo neste espetáculo é preciso. Vê-lo é preciso, ou melhor, é necessário. Uma experiência imperdível.” (Rodrigo Santoro – ator)
SERVIÇO
“In On It”
(Texto: Daniel MacIvor)
Dia: 19 de dezembro – sábado
Horário: 21h
Local: Theatro D. Pedro
Duração: 70 minutos
Classificação: 16 anos
Direção de Produção: Rossine A. Freitas
Produção Executiva: Flavia Candida
Produção Nacional: Enrique Diaz
Produção local: Petrópolis em Cena
Informações: (24) 2235-3833
http://www.petropolisemcena.com.br/
FOTO/CREDITO: Dalton Valerio
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